O CUBO MÁGICO
(Cubo de Rubik)
Introdução
|
O Cubo Mágico foi inventado na década de 70 em Budapeste
(Hungria) por Erno Rubik, que era professor na Academia de Artes no
departamento de Projetos de Ambientes Interiores. Rubik tinha um interesse
enorme em geometria, que utilizava com muita inventividade nas suas
maquetes. Ele patenteou o Cubo em 1975. |
O grande desafio, na época, foi descobrir o método de montagem
mecânica das peças do cubo, que foi resolvido pelo próprio Rubik e tornado
possível em escala industrial pelo Presidente e pelo Engenheiro-chefe de uma
fábrica de brinquedos em Budapeste.
A história do Cubo pode ser lida, por exemplo, em http://www.rubiks.com , onde há
também informações sobre patentes, curiosidades e, claro, instruções de
montagem.
O Cubo é um dos brinquedos problemáticos do ponto de vista de
marketing e negócios. Inicialmente, os empresários julgaram que o Cubo tinha
pouquíssimas possibilidades de sucesso junto ao público. Era "muito abstrato",
"difícil de atrair a atenção na televisão", "muito cerebral", "muito quieto",
"esotérico", "complicado", etc... No entanto, o Cubo hoje é muito vendido tanto
em lojas de brinquedos sofisticadas quanto em lojas 1,99. Está na mão de muita
gente comum, principalmente jovens e crianças que tem entusiasmo e tempo de
sobra para se dedicar a coisas interessantes.
No entanto, resolver o Cubo, isto é, montar o Cubo completamente
e corretamente, ainda está fora do alcance da grande maioria das pessoas - é um
processo que exige técnica, concentração e muito aprendizado. Exatamente por
isso é uma atividade que recomendo para todos os estudantes. Aprender a montar o
Cubo exige que o aluno desenvolva e treine várias capacidades importantes, que o
ajudarão não só nas tarefas escolares, mas também nos problemas de sua vida
quotidiana. Desenvolve o senso estético, matemático e de organização, além de
exigir estratégia, paciência, dedicação, perseverança e bom senso - ou seja,
exige um bocado de qualidades e padrões de comportamento importantes para o
sucesso acadêmico e profissional.
Há milhares de referencias ao Cubo na Internet. Decidi escrever
uma a mais, por dois motivos: ainda há poucas referencias em Português, e as que
existem ainda são um tanto difíceis e/ou especializadas demais para o público
comum. Espero que o guia abaixo seja um pouco mais fácil de
acompanhar.
O método que escolhi não é o único possível. Há vários outros, e
os mais aficcionados devem procurar por eles na Internet. De qualquer forma,
aqueles que desejarem montar o Cubo sozinhos devem se preparar para uma pequena
empreitada - alguns dias de verdadeira dedicação, treino e aprendizado. Mas vai
valer a pena, acreditem...
Guia de Montagem
Parte 1 – Fatos Básicos
Primeiramente, entenda bem os seguintes
pontos:
1 |
|
O cubo tem 6 faces diferentes. |
|
|
A cor de cada face é a cor da peça que fica sempre imóvel
nessa face |
|
|
(chamada de peça de
face) |
|
|
|
|
A maioria dos cubos (mas nem todos...) tem: |
|
|
- a face verde oposta à face azul |
|
|
- a face laranja oposta à face vermelha |
|
|
- a face amarela oposta à face branca |
|
|
|
|
|
Como o cubo pode ser desmontado e montado à vontade (as
peças em geral são encaixadas umas às outras por pressão), a disposição de
cores pode variar um pouco. |
|
|
A propósito, note que, se o cubo for desmontado, ele tem
que ser montado de modo correto (com todas as peças nos lugares exatos),
senão será impossível chegar à configuração original sem desmontá-lo
novamente. |
|
|
|
|
|
A figura acima mostra um cubo típico em uma situação
qualquer. |
|
|
Examine o seu cubo que, claro, deve estar em uma situação
diferente. Identifique as faces e as cores de cada uma delas. |
|
|
|
|
2 |
|
As peças de centro são aquelas que ficam no meio
de cada aresta do cubo. Uma peça de centro tem duas faces com cores
diferentes. |
|
|
Uma peça de centro está na posição certa quando suas duas
cores correspondem às faces que a tocam. |
|
|
Note que uma peça de centro pode
estar: |
|
|
- |
num lugar errado |
|
|
- |
num lugar certo mas com a orientação errada |
|
|
- |
num lugar certo e com a orientação
certa |
|
Dizemos que uma peça está na posição certa quando ela
está no lugar certo e com a orientação certa. Uma peça pode estar no lugar
certo, mas na posição errada. A figura abaixo ilustra esse fato: |
|
|
|
|
|
|
|
3 |
|
As peças de canto ficam nos vértices do cubo. Uma
peça de canto tem três faces com cores diferentes. Ela estará na posição
certa quando suas três cores corresponderem às três faces que a tocam.
Veja a figura abaixo: |
|
|
|
|
|
|
4 |
|
O cubo tem três camadas: superior, inferior e a do meio.
Qual das camadas é a superior depende, é claro, de como se está segurando
o cubo no momento. |
|
|
|
|
|
|
5 |
|
Usamos a seguinte notação para as faces: |
|
|
|
|
U : face superior
(Upper) |
|
|
|
D: face inferior (Down) |
|
|
|
L: face esquerda (Left) |
|
|
|
R: face direita (Right) |
|
|
|
F: face da frente
(Front) |
|
|
|
B: face de trás
(Back) |
|
|
É claro que qual face é U, D, L,
R, F ou B depende de como se está segurando o cubo no
momento. |
|
|
|
6 |
|
Notação para o movimento (giro) das faces. |
|
|
Vamos ver alguns exemplos: |
|
|
|
B : movimentar a face de trás no sentido horário
(dos ponteiros do relógio) |
|
|
|
L' : movimentar a face da esquerda no sentido
anti-horário (contrário aos ponteiros do
relógio) |
|
|
O sentido do movimento é decidido como se a face
estivesse sendo vista de frente. Treine bem isto com os exemplos
abaixo. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Um número indica quantas vezes o movimento deve ser
executado: |
|
|
|
|
R2 : movimentar a face da direita duas vezes no
sentido horário |
|
|
|
B'2: movimentar a face de trás duas vezes no
sentido anti-horário |
|
|
|
|
|
|
Note que |
|
R2 = R'2 |
|
|
|
|
L2 = L'2 |
|
|
|
|
R1 = R'3 |
|
|
|
|
U'1=U3 |
|
|
|
|
e assim por diante.... |
|
|
|
|
|
Parte 2 - Montagem do cubo
A montagem do cubo é feita por camadas (e não por
faces!). Isto porque não basta montar a cor de uma só face: as peças devem estar
nas posições certas, e cada peça toca mais de uma face (tem mais de uma cor
!).
Escolha uma face para começar, mas fique de olho na camada
correspondente. Esta será a camada inicial.
|
A montagem vai consistir em quatro etapas: |
|
|
|
|
|
|
Colocar as peças corretas na camada inicial, a menos de
uma peça de canto (que será acertada no final); |
|
|
Colocar as peças de centro corretas na camada do meio, e
ao mesmo tempo arrumar as peças de centro da última
camada; |
|
|
Colocar as peças de canto nos lugares
corretos; |
|
|
Corrigir as orientações das peças de
canto. |
INSTRUÇÕES DETALHADAS
(a1) |
|
Coloque as peças de centro da camada inicial nas posições
corretas. Isto é fácil de se conseguir, e vai formar uma "cruz" na face
inicial com a cor escolhida. |
|
|
|
|
|
|
|
Exemplo da "cruz" inicial
montada. |
|
|
|
|
Note que as quatro peças
de centro da camada inicial estão na posição correta (lugar e
orientação corretos). |
|
|
(a2) |
|
Sem desmanchar a "cruz", coloque três peças de canto da
camada inicial nas posições corretas. Isto ainda é fácil, mas é preciso um
pouco de treino e paciência. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Uma das peças de canto da camada inicial pode estar
errada, mas esta peça vai ser trocada muitas vezes durante as etapas
seguintes. Esta peça errada vai ser arrumada mais
tarde. |
|
|
|
|
|
|
|
Exemplo da situação ao
final da Etapa A. |
|
|
|
|
Só há uma peça de canto
da camada inicial na posição errada. |
|
|
|
|
|
OBS.: Na verdade, não haveria necessidade de arrumar as
peças de canto nesta etapa; isto poderia ser feito mais tarde, mas seria
bem mais trabalhoso. |
|
|
|
Agora, vamos arrumar as peças de centro da camada
central, e ao mesmo tempo as peças de centro da última camada. |
|
|
|
A técnica consiste em fazer um rodízio de lugar entre
três peças de centro: uma da camada central e duas da última camada. Estas
três peças devem der adjacentes, isto é, elas devem tocar uma mesma peça
de canto. Chame essas peças de 1, 2 e 3. Veja como exemplo a figura
abaixo: |
|
|
|
O movimento de rodízio vai colocar a 1 no lugar da 2, a 2
no lugar da 3 e a 3 no lugar da 1, de modo que: |
|
|
|
|
|
- a 1 vai entrar no lugar da 2, como se ela deslizasse em
torno da peça de face (laranja, no exemplo dado); |
|
|
|
|
|
- a 2 vai entrar no lugar da 3, como se ela deslizasse em
torno da peça de face (amarela, no exemplo dado); |
|
|
|
|
|
- a 3 vai entrar no lugar da 1, mas em posição
invertida. |
|
|
Infelizmente, a peça embaixo da peça central da camada do
meio (embaixo da peça 2 no exemplo dado) vai ser trocada
também |
|
|
|
|
A seqüência que faz o rodízio é a
seguinte: |
|
|
|
|
|
|
|
à primeiramente
coloque a peça errada que sobrou na camada inicial embaixo da peça de
centro que vai participar do rodízio da camada do meio (embaixo da peça
2 no exemplo dado - isto já foi feito na figura acima). Isto é
necessário porque essa peça vai mudar durante o rodízio - se esquecermos
disto, vamos desmanchar o que foi feito na Etapa A; |
|
|
|
|
|
|
|
|
à em seguida execute
os seguintes passos: |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
mova a 1 para o
lugar da 2 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
‚ mova a 3 para o
lugar da 2 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
ƒ desfaça o movimento
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
„ desfaça o movimento
‚ |
|
|
|
O resultado, no exemplo dado, será o
seguinte: |
|
|
Note que colocamos uma peça de centro da camada do meio
na posição correta. Também aproveitamos o movimento para colocar uma peça
de centro da última camada com a cor correta na face
superior. |
|
|
Veja mais um exemplo desse rodízio na figura
abaixo: |
|
|
O truque é continuar fazendo esses rodízios para colocar
as peças de centro da camada do meio no lugar, ao mesmo tempo se
esforçando para colocar peças de centro com a cor correta na camada de
cima (não se esqueça de posicionar a peça errada da camada de baixo antes
do rodízio...). |
|
|
Os rodízios devem continuar até que ocorra o
seguinte: |
|
|
|
|
- três das peças de centro da camada do meio estejam na
posição certa, e |
|
|
|
|
- uma peça de centro que deveria estar na camada do meio
esteja na camada de cima (última camada);
e |
|
|
|
|
- na última camada, haja três peças de centro dessa
camada, porém uma delas no lugar errado
e: |
|
|
|
|
|
|
caso 1) |
|
duas peças de centro adjacentes (vizinhas) na posição
certa, ou |
|
|
|
|
|
|
|
caso 2) |
|
duas peças de centro opostas estejam na posição
certa. |
|
|
|
A figura abaixo ilustra uma dessas situações, em que
ocorreu o caso 1, após uma seqüência de
rodízios. |
Duas adjacentes na posição correta;
uma no lugar errado. |
|
|
Finalmente, para completar a Etapa B faça o
seguinte: |
|
|
|
|
- se chegar ao caso 1, apenas mais um rodízio
1-2-3 vai deixar todas as peças de centro do cubo nas posições
corretas; |
|
|
|
|
- se chegar ao caso 2, uma seqüência simples de
movimentos vai deixar todas as peças de centro nas posições corretas
(examine o cubo com cuidado e descubra os movimentos
!). |
Exemplo da situação ao
final da Etapa B. |
Todas as peças de centro
do cubo estão na posição
correta. |
|
|
|
Agora precisamos colocar as peças de canto nos lugares
corretos. |
|
|
|
Para isto, executamos uma seqüência de rodízios entre as
peças de canto. |
|
|
|
Cada rodízio vai rodar a posição de três peças de
canto. |
|
|
|
|
|
Escolha três peças de canto de modo que elas formem um
"L" numa mesma face (se isto não for possível, gire uma face - depois
do rodízio voce volta esse movimento...). Posicione o cubo de modo que
esse "L" fique na face superior. Uma das pernas do "L" deve ficar na
aresta traseira do cubo. A outra perna do "L" pode ficar ou na aresta da
direita ou na aresta da esquerda. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
à se o "L" ficar com
uma perna na aresta de trás e a outra na aresta da direita, o rodízio será
no sentido horário, e é feito executando a seguinte seqüência de
movimentos: |
|
|
|
|
|
|
|
|
à se o "L" ficar com
uma perna na aresta de trás e a outra na aresta da esquerda, o rodízio
será no sentido anti-horário, e é feito executando a seguinte
seqüência de movimentos: |
|
|
|
|
|
Esses rodízios também modificam a orientação das peças de
canto, mas isto, se atrapalhar, vai ser corrigido na última
etapa. |
|
|
|
Execute rodízios até que todas as peças de canto estejam
nos lugares corretos, embora, possivelmente, com orientações
erradas. |
|
|
|
Finalmente, corrigiremos agora, se necessário, a
orientação das peças de canto (elas já devem estar nos lugares
corretos). |
|
|
|
A orientação das peças de canto é sempre corrigida aos
pares. Pode-se demonstrar que o número de peças de canto com
orientação errada é sempre par. |
|
|
|
Primeiro deve-se anotar qual o sentido de rotação que a
peça de canto deve ser girada - horário ou anti-horário. |
|
|
|
O exemplo abaixo mostra uma posição em que há duas peças
a serem giradas, uma no sentido horário, e a outra no sentido
anti-horário. |
|
|
|
Pode acontecer de haver vários pares de peças que
precisem ser giradas. |
|
|
|
|
A técnica de correção é a
seguinte: |
|
|
|
|
|
|
1 |
Coloque numa mesma face duas peças de canto que devem ser
giradas. Se possível, selecione uma no sentido horário e outra no sentido
anti-horário; se não for possível, a seqüência abaixo vai corrigir apenas
uma delas, e a outra será corrigida numa outra seqüência. |
|
|
|
|
|
|
2 |
Posicione o cubo de modo que a peça de canto a ser girada
no sentido horário fique na face superior, à frente e à
esquerda. |
|
|
|
|
|
|
|
No exemplo acima: |
|
|
|
|
|
|
4 |
Traga a peça de canto a ser girada no sentido
anti-horário para a frente e para à esquerda (girando a face superior do
cubo). |
|
|
|
|
|
|
6 |
Desfaça o movimento (4). |
|
|
|
|
|
|
7 |
Desfaça qualquer outro movimento adicional que tenha sido
necessário. |
|
|
|
Corrija os orientações das peças de canto aos pares pela
técnica acima quantas vezes forem necessárias e....
voilá.... termine com o cubo completamente
montado. |
|
|
|
|